quarta-feira, 30 de abril de 2008

Trilhos


Vasculhou arquivos supostamente perdidos pelo tempo
encontrou escritos de alguém que se foi, e que nunca desistiu de seguir
Então, percorreu por ruas desencontradas
Andou por trilhos abandonados
Passou por onde nunca havia passado
Até que avistou o campo, mas não foi capaz de enxergar o horizonte
então parou, pensou e pensou.
Talvez ele nunca consiga enxergá-lo se não erguer a cabeça
A incerteza de um amanhã distante o faz continuar seguindo por ruas desencontradas,
e andar por trilhos abandonados.
Os trilhos tem fim,
mas não há barreira que o impeça de enxergar a sua frente e seguir.

terça-feira, 29 de abril de 2008

A próxima noite


O vento daquela manhã gelada a castigou
Nem se quer enxaguou o rosto ao se levantar
Após duas horas parada no mesmo lugar
pode-se notar a marca de suas lágrimas, e os olhos surrados do pranto incontido.
Como não imaginou que fosse mentira?
A noite passada era uma prévia sátira do indiscutível caminho pecaminoso.
Ele sussurraria algo sutil em seu ouvido, o que era esperado
Algo maior que qualquer misticismo que ela acreditasse
até que ela cedesse.
Enquanto ela, voluptuosamente bela, o envolveria em seu ser
Entregando-se, entrelaçando-se
Sem enxergar sua face
porém, tocando-a com suas mãos trêmulas
até que ele sumisse em um breve cochilo
deixando-a apenas com uma próxima noite
longa e gelada.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Um céu limpo e claro



Impressionante a maneira que cada um enxerga o mundo
A realidade é diferente em cada ser
Algo fascinante em cada época do ano, ou dia.
Essa tarde gelada trouxe o bem-ti-vi
Haviam também crianças, que felizes corriam com seus casacos em volta de um brinquedo
O sol se foi, deixado um céu limpo e claro
ao contrario de minha amada
que ao partir, fez com que tudo ao meu redor perdesse o brilho
Se me fosse concedida a chance de tê-la comigo novamente
iria abraça-la,
Então abraçados, a convidaria a ficar comigo e esperar as estrelas
e até lá, eu iria aquecê-la e confortá-la
Porém, essa chance não será concedida.
Logo anoitecerá
então me conformo com essa tarde fria
e esse céu limpo e claro.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Estático


A lua é cheia
Estático, escolhe um canto seguro
A noite nunca esteve tão iluminada
Seus pensamentos acompanham o ritmo da melodia,
que abafada e distante é quase imperceptível.
Por entre as folhagens da árvore sobre sua cabeça
nota-se ondas quase que idênticas,
formada nas nuvens em um céu claro e incolor
não é alegre, ao contrário,
mas é belo e pacato.
Sóbrio e submisso aguarda por um impulso
Claustrofóbicopriva-se da alvorada
A auto flagelação o torna fraco
Horas depois, convicto de algo súbito, tenta se levantar
mas em seus tornozelos há marcas do chão duro e frio
Analisando a inexistencia de sua alma
Clama pela aparição da lua
Que como um pedido supremo e sagrado
reaparece entre as nuvens
Deixando oque não é alegre porem belo,
ainda mais iluminado.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Bar


Aclamada, desejada, invejada,
amada e amante, ontem!
Amargurada, debruça-se no balcão, sem se importar com os olhares.
Diz por entre os dentes, palavras sem nexo.
Sem embaraço ela pede:
- Mais uma, por favor!
Em seguida entorna o copo,
pra surpresa de alguns mais conservadores.
Custa se lembrar da ultima refeição.
Onde está o amor?
É de se estranhar!
- Tem fogo? - Pergunta a um vizinho de assento.
Intimado, ele acende então o cigarro preso em seus lábios sem dizer uma palavra.
O baton mancha o filtro de vermelho
Hoje sozinha, com seus sapatos de camurça
observa o relógio na parede
Levanta-se depois de alguns minutos sem dizer nada.
Ao tentar tirar o trocado de dentro dos bolsos
as moedas se espalham pelo chão
Sem se importar, tenta contar oque esta sobre a mesa,
sem sucesso.
Minutos depois ela some pela porta do bar.
O balconista olha para o homem que acendera o cigarro à mulher e diz:
- É cada uma que me aparece...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Dias seguintes


Os dois apreciavam juntos as estrelas q brilhavam com intensidade
Brilhavam como se fossem uma grande metrópole iluminada
Milhões e milhões de pontinhos brilhantes sobre suas cabeças
E isso era tudo que tinham
Até que um dia afastaram-se um do outro
Então ele pode sentir pela primeira vez, o estranho cheiro de terra molhada na madrugada
O nevoeiro esperado desceu e o cobriu,
impedindo-o de avistar as estrelas durante a noite
Ele não mais as viam, mas elas continuavam la
Tanto é que ela ainda as enxergavam
Os dias seguintes seriam difíceis
Passaram-se a não mais se entenderem por causa das estrelas
Quando se encontravam, elas estavam sempre presentes
porém, quando ele voltava pra casa o nevoeiro surgia novamente
tapando o céu e as estrelas
Mas ele ainda tinha esperanças de que o nevoeiro se dispersasse
Até que um dia quando ele ia ao seu encontro, o nevoeiro eclodiu
O vento passou a soprar mais frio
E ela também deixou de ver as estrelas.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Rascunhos


O forte vento gelado daquela manhã
me fez ser breve
A garoa caía
Beijei-lhe os lábios ainda molhados
Então me despedi acariciando sua face
Dei as costas e corri pelo campo
me afastei o máximo dali
Não consegui derrubar uma lágrima se quer.
Não houve muito falatório
Seu desaparecimento foi obra de Deus para as senhoras
O escrivão sentiu sua falta
assim como o dono da venda e o vereador
Sentiram falta até à aparição de uma nova ninfeta
depois esqueceram, então acabaram-se as perguntas
Desde então talvez por ter sido esquecida,
Cláudia ressuscitara na tela
Observando-me e me julgando
O remorso caiu sobre minhas costas
e lá fui eu desenterrá-la
Cláudia só descansaria se a verdade viesse à tona
Mas sua cova não encontrei
Então passaria a me assombrar pro resto dos meus dias
Em meus rascunhos ela sempre estava presente
analisando e me julgando
E assim foi durante toda minha existência
O tempo foi passando
me vieram os cabelos brancos,
e Cláudia continuou jovem e bonita
Um ancião me tornei
E agora ela me jogará no buraco
assim como a joguei
é só uma questão de tempo.
Não tiro a razão de Cláudia
Muito pelo contrário
Que seja feita a tua vontade.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A ultima vez


Essa noite será a ultima vez
Ela me abraçará com seu manto de insegurança
E eu ainda lúcido, a tocarei por debaixo do manto
Sentirei o cheiro de terra molhada em plena madrugada
Alisarei seus longos cabelos, assim como acariciei seu rosto na noite passada
Sei que estou partindo
Perdoe-me
Deixo-lhe então minha lembrança
pois ficarei com seu sorriso
Por mais que pareça que esteja ausente
vou estar aqui como nunca estive
Sei que serei lembrado nas horas que se sentir sozinha
e quando isso acontecer, de imediato a abraçarei com força
até que desabafe com um súbito pranto incontrolável
Só peço que mantenha as mãos suspensas
O tempo se encarregará de açoitá-la e acariciá-la
Meu coração se aperta só de imaginar
E por mais distante que eu possa estar
meu amor estará mais perto do que nunca.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento