terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Véspera de Natal


A neve caía na ocasião, mas o ambiente era agradável.
Sozinha, no aconchego de um bar, degustava seu vinho do porto.
Seu olhar pela janela do estabelecimento era de tristeza.
O branco da neve já não era tão branco.
Prestes a pedir outra bebida vira-se notando o olhar observador de um homem.
Acuada, volta seus olhos para a taça, enquanto o ser a espreita se aproxima:
- Posso te pagar um drink?
- Não, obrigada!
Pausa, silêncio, musica baixa tocando ao fundo.
- Você é linda, quero muito te conhecer.
- Desculpe, eu já estava de saída!
Continua a insistir, até que outro rapaz se aproxima sorrindo e adentra a conversa:
- Oi, demorei?
Aliviada, e agora com um semblante limpo, intercala:
- Que bom que chegou, achei que não viesse mais!
Num instante o intruso se afasta.
Ambos sorrindo se apresentam:
- Olá eu sou Paul.
- Prazer Paul, sou Lisa! Você me salvou.
- Só imaginei que estivesse em apuros
- E realmente estava...
Ambos sorriem novamente
Após algumas taças juntos ele indaga:
- Porque está sozinha em um bar em plena véspera de Natal?
- Talvez eu goste disso!
Dito isso, Lisa vira a taça, tomando o restante em um gole.
Sorrindo com apenas um canto da boca ele continua:
- Tens mãos finas, não é do tipo Amélia!
- Não sou mesmo!
Espalhafatosa, solta uma gargalhada que atrai até o olhar ligeiro do balconista.
Tentando voltar ao controle da situação ele continua:
- Oque você faz da vida?
- Sou enfermeira em um manicômio, um trabalho de merda.
- Está pra nascer um que não reclame do seu!
Totalmente ignorado, ele se coloca a ouvi-la:
- As vezes você é pra eles um pai, uma mãe; outras vezes eles não tem ideia de quem você seja, é frustrante!
- A vida é frustrante, só que há momentos excepcionais como este!
Com um sorriso singelo ela diz com voz mansa:
- Gostei, mas agora tenho que ir.
- Ok, nos vemos?
- Sim, no próximo ano véspera de natal estarei aqui novamente.
Ela se afasta, pega o casaco, a bolsa, abre a porta e some em meio a neve
E em um tardio grito ele pergunta:
- Mas e eu, como fico o resto do ano?

domingo, 21 de dezembro de 2008

Histórias de Carlinhos (parte 1)


"...peguei a bicicleta do meu primo e sai pedalando com velocidade, ventava muito, senti o vento em meu rosto e vi que aquele sentimento era de liberdade." (Carlos Viana)

Foi lendo a primeira parte do livro que cheguei a seguinte conclusão:
"Há momentos na vida em que tudo que queremos é
sumir no guidão da liberdade.
Liberte-se,
permita-se arriscar pelo menos uma vez.
Só não vá tão longe."

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O porta jóias


Beijei-lhe a face pela manhã
Apreciei seu belo sorriso dentre vários que invadiam a sala
Deixei-me ser tocado por ela, simulando não me importar.
Enfim, fomos a troca de presentes.
Horas antes eu ansiava por aquele momento
Atenciosa, talvez quisesse um discurso ou algo parecido
Eu nunca fui bom nisso,
nunca!
O porta jóias foi desembrulhado
Ela gostou, gostou de verdade
Seus olhos brilharam como estrelas.
Pensei na verdadeira jóia que ficaria guardada la dentro.
beijei-lhe novamente a face ao me despedir
Ela deu as costas e se foi.
Nunca mais a vi.

Dedicado à Giseli, curso de Programação de computador, Senac-Franca 2002

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Pequenos detalhes


-"Que Deus te dê saúde."
Assim me disse uma senhora essa manhã, agradecendo-me por ter lhe aferido a pressão.
Eu nem ao menos tenho uma religião,
mas me pareceu tão sincero que me comoveu.
Pequenos detalhes que fazem toda a diferença.
Um sorriso espontâneo, um aceno de criança
O verdadeiro propósito da vida está exatamente nisso, nas pequenas coisas.
Por isso temos que aprender a dar mais valor no menor gesto de carinho que haja, por mais insignificante que seja.
Isso nos fará crescer e nos trará paz de espírito enquanto existirmos.
Sobre esse ano só tenho a agradecer
Aos que me surpreenderam, aos que me decepcionaram
Estamos em um aprendizado constante e por mais que eu queira,
talvez as coisas não mudem tanto afinal.
Aliás, pensando bem, vai mudar sim,
pra melhor!


"Perfeito é aquele que consegue viver com a pureza de uma criança, a grandeza de um menino e a sobriedade de um adulto.(Thiago dos reis)"

PS: Quando tirei essa foto, a pequena Nathália era a criança mais feliz do mundo naquele momento, pelo simples fato de estar brincando com os cães.


Feliz Natal

domingo, 7 de dezembro de 2008

Quando se vão em vida


Doce Outono vazio
Mantem-se calado de pé sob um silêncio perturbador
Ela se foi ainda em vida.
Na embalagem sobre o criado, restos de azeitona parcialmente mastigadas indicam que a noite passada foi intensa.
Tudo que um dia existiu voltou em um lapso agradável e triste
pois oque é pleno nunca morre.
Nesse instante se viu no mesmo espaço e tempo de anos atrás
e antes que ela virasse as costas, se lembrou do futuro presente desamparado, e gritou alto por seu nome.
Defronte a ele o escutou dizer:
"- Não me abandone."
Comovida, colocou-se a correr em sua direção abrindo os braços, prestes a...
Isso o trouxe devolta a realidade
Então chorou descontrolavelmente.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Seguindo em frente


O céu estava limpo e o sol brilhava como nunca.
Calçou suas sandálias
e sorrindo, adentrou o carro do seu amado.
Apavorada, chorou.
Tentou fugir
gritou, em vão.
Violada em seu íntimo,
cedeu.
Jogada, largada, usada.
Ferida no âmago.
Covardemente, ainda a culpou pelo cometido:
- Quem mandou ser tão bela?
Desde então o nevoeiro tomou conta de seus dias
deixando-os tristes e vazios.
Quis morrer, quis matá-lo
mas não o fez
Apenas tentou apagar.
Um dia acordou numa manhã nublada
O sol teimava em surgir.
Então, calçou suas sandálias, respirou profundamente
e seguiu em frente, esquecendo-o
perdoando-o.
Após isso pôde sorrir novamente.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento