segunda-feira, 28 de março de 2011

Aos que estão comigo

 Esse texto eu dedico para os que estão presentes de uma forma física no meu cotidiano.

 Houve um tempo em que eu me dedicava a fechar convênios e entregar contas junto com o meu "TRUTA" assim diga-se de passagem.
 E enquanto ele se arrumava eu podia apreciar a bela vista que havia da janela de seu quarto, o vale das furnas do bom Jesus.
 Tenho comigo aqui uma das fotografias que tirei na ocasião:
 Pode-se ver os trilhos do trem abandonado, e ao fundo, o vale.
 Essa foi uma das inúmeras lembranças que me marcou nesses últimos dois anos.
 Outra coisa, tão importante quanto, foi o carinho entre tia e sobrinho que eu pude presenciar:
"- Vem com a TCHITCHILA..."Assim dizia a tia para o sobrinho que nem se importava.
 Ela sabe do que eu estou falando, mas o que talvez ela não saiba é da existência dessa foto, nem ela nem a Roberta:
(Marcelinho, Amaralina e Roberta)
 Guardo também o dia em que o filho da minha ex patroa brincava com um cachorro sarnento separado apenas por um vidro.
 A babá dizia para não se aproximar e ele não se atrevia a desobedecer, mas toda a sua atenção era voltada para ao cãozinho franzino.
Talvez uma das cenas mais bonitas que eu já tenha visto:
 Eu parti de uma maneira que talvez nem tenham sentido minha falta, continuo sendo presente no ambiente que me acolheu com tanto afeto, minhas visitas são frequentes e eu ainda me sinto em casa depois de quase oito meses.
 O Beto está lá agora, e se sente tão amado quanto eu me sentia.
 Hoje tenho uma visão mais privilegiada do crepúsculo
 Eu só tenho que virar a esquina e lá está ele, estendido sobre o céu em todos os finais de tarde.
 Bruna, minha nova colega de trabalho, está começando a aprender a apreciar o doce final de um dia ao som de Chopin
 As garotas da DrogaFarma (Elaine, Luana e Bruna) já estão se habituando ao cara alto da Farmácia,
e eu fico grato por isso.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Lua Cheia


 Ontem à noite um amigo disse no twitter que a lua estaria maior no dia 19
 A ultima vez que ela passou tão perto da terra foi vinte anos atrás.
 Imediatamente corri pra rua para assisti-la, mesmo sabendo que ela ainda estaria distante
 E ao pisar descalço no chão da calçada, vieram-me lembranças da infância.
 Parece que foi a tanto tempo.
 Recordei-me das longas horas que eu passava olhando para o céu durante a noite
 Comprovando enfim que sempre fui um viajante solitário, desde criança
 Todas aquelas estrelas que só se podem ver nas cidadezinhas do interior,
as mesmas que nos levam por milhares de quilômetros no espaço.
 A lua me guiava noite adentro, pois era por conta do caminho que ela percorria no céu que eu podia imaginar que era tarde, e que passara da hora de criança estar na cama.
 Ontem eu não vi a lua no céu
 Em outros tempos eu teria me submetido horas à sua procura, e enquanto isso ficaria na companhia das estrelas sem me importar com o relógio.
 Mas isso seria em outros tempos.
 Mesmo sabendo que somos eternas crianças, a gente perde aquela essência
 A paciência nos falta, e contemplar o que nos é de direito não nos interessa.
 Foi pensando nisso que hoje eu voltei a me colocar sentado durante um bom tempo lá fora,
e voltarei a fazê-lo dia 19, quando a lua cheia poderá aparecer no céu 14% maior e 30% mais luminosa, especialmente quando nascer no horizonte.

quarta-feira, 9 de março de 2011

BIG BANG







Ela era luz
Explosão de energia,
alegria de uma vida.
Ela pulou até se cansar
Ele pulou junto dela
Eles deram as mãos
Ela brilhava no salão
A banda tocava "Inní mér Singur vitleysingur"
Eles se beijaram
Ela flutuava entre a multidão
Eles se olharam nos olhos
Ela tremia de felicidade
Ele sorria pra ela
Ela estourou em milhares de pedaços
Foi uma noite de acontecimentos
Ela conteve-se até não poder mais
Ela chorou o mais que pôde
Ele não se importou em magoá-la
Ela chorou muito debaixo de uma árvore distante
Ele não viu sua face
Ela não queria mais vê-lo
Ele a procurou mas não conseguiu encontrá-la
Ela se escondeu pra sempre
Ele se arrependeu
Ela chorou sozinha por inúmeras vezes
Ele chorou por tê-la feito chorar
Ele gostava dela
Eles se lembravam das mãos dadas
Ela o amava
Eles se foram.

terça-feira, 1 de março de 2011

O Anjo de Ijuí


 A estrada terminou em Ijuí para os viajantes
 Era uma manhã de sábado
 A névoa cobria parte do lago
 Seus olhos se encheram d'água com tanta beleza
 Ao afastar-se do carro tentando aquecer as mãos esfregando-as uma na outra, avistou de longe o anjo mais doce do vilarejo.
 Ela (o anjo) não tinha malícia, e aproximou-se lentamente
 Ele (o viajante) observava pasmo enquanto seu amigo urinava despreocupado fumando um cigarro
 Ela regia o universo, disso ele não tinha duvida
 Até disse isso a ela:
- Você controla o universo a sua volta.
 Ela sorriu como se soubesse, mas desconversou e seguiu com seus trejeitos encantadores.
 Deitou-se ao lado dele apenas com sua cinta liga
 E ele fitou os olhos na guria por um longo espaço de tempo,
como se não acreditasse no que estava à sua frente
 Mas ao sentir o calor do seu corpo, pôde notar que não era um sonho
 Era real, ela era de real, e ele estava lá junto dela
 Isso arrancou-lhe um ligeiro sorriso, e juntos viajaram pela via lactea
 Adormeceram enfim, e acordaram com o amigo bêbado gritando

 Já era domingo
 Ele não queria mais voltar pra casa, mas seguiu
 Ela mordeu os lábios para segurar o pranto mas seu queixo a condenou
 Acabava-se mais um verão.
 Ele não queria o mundo
 Não ganhou nenhuma estatueta durante toda sua existência
 Mas ele sabia fazer algo de melhor
 O viajante solitário sabia amar alguém de verdade
 E foi o que fez, ele amou eternamente a garota de Ijuí.

(Foto do anjo de Ijuí)

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento