sábado, 31 de outubro de 2009

Sem título


A cada tragada um segundo a menos

[imagem de sigur rós]

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ao dobrar a esquina


 Ela não deu a mínima novamente
 Sorriu, brincou, se fez de boba como todas as outras vezes.
 Ele estava sério, quase sentiu pena de si mesmo
 Estava no limite do patético
 Acompanhou-a com o olhar até que ela dobrasse a esquina
 E ao sumir, viu a chance de tê-la junto de si desaparecer por completo.
 Ela nunca dará a mão pra ele segurar
 E a sensação de voar no céu vai desaparecer com o tempo, depois que ela se for:
- Me diga oque eu posso fazer pra você não ir embora!
- Rsrsrsrs...
 Depois disso acho melhor ele tentar com àquela que não ama.
 Já havia apagado boa parte daquela que o castigou por longos anos
 Tentará o mesmo com essa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Silenciosas lágrimas


 Acariciou ternamente seus longos cabelos brancos como a própria o fazia quando ainda os tinham negros.
 Levantou-se sem muito ruído para que a mesma não acordasse de um sono profundo.
 Observando o movimento na calçada através da vidraça, pôde acompanhar o ultimo por do sol ao seu lado.
 Despediu-se em silenciosas lágrimas de um amor que jamais teria novamente.
 Enxugou sua face encharcada de pesar e voltou a colocar-se ao lado da mãe como uma criança desamparada.
 Aparentemente cansada com tantas primaveras em sua vida, o final estava sendo exaustivo
 Sua vista castigada custava a enxergar o amado primogênito que ali aguardava a despedida anunciada.
 Enfim, o dia surgiu após uma longa noite em claro,
levando consigo a mãe mais amada de todos os tempos.

(imagem de Ruth "Six feet under")

sábado, 24 de outubro de 2009

Escolhas


Hoje a tarde depois que sai do trabalho fui dar um passeio de moto
e ao passar por um certo lugar me perguntei se estava fazendo as escolhas certas
eu não saberei até que o tempo me diga
e isso acontece com todo mundo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ela saberá


... e com uma alegria estampada no rosto
perguntei a ela oque havia sentido.
 Descontente então, com a face ainda voltada pro horizonte,
disse que não havia sentido nada.
 E o céu foi ficando cada vez mais escuro, até que a noite caísse de vez.
 Por fim, logo veio o fim
 Acabou
 Superei em dias
 Agora penso que...
no lugar que ainda desconheço,
quando a encontrar, saberei quem é
e pro meu espanto, ela também saberá.

Poderia ter sido


 Seus olhos estavam pregando de cansaço
 Conferiu o relógio pela milésima vez.
 Virou-se novamente com a cabeça procurando-a pelo bar.
 Nada...
 Prestes a pagar a conta, se deu conta da garota ao lado.
 A mais bela vista em todo o estado de São Paulo.
 Puxou conversa, pagou uma bebida, e acordou enrolado no edredom mais perfumado da América.
 Voltou a si 20 anos mais tarde, imaginando oque poderia ter sido se em vez de enrolar-se no edredom da paulistana, tivesse procurado saber oque aconteceu com a mineirinha para não aparecer aquela noite no bar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A menina de Taquarí


 Mais uma sexta feira
 Arctic Monkeys conduz minha noite, pra ser mais exato "Cornerstone"
 Nos últimos meses eu conheci a garota mais pura e inocente que existe, é isso aí... pra quem não acredita mais haver mocinhas de dramalhão mexicano, digo-lhes que estão enganados.
 Hoje ela se despediu prometendo voltar,
e mesmo sabendo o quanto a cidade é pequena, duvido muito que a veja por mais de duas ou três vezes nessa vida.
 Vou sentir falta da menina de Taquarí que por inúmeras vezes me arrancou sorrisos por sua ingenuidade tremenda.
 Convenhamos que, nada é melhor que explodir em risos incontroláveis quando o momento é inadequado.
 Em outros tempos, e em outra ocasião com mais tempo, teria rabiscado em um A4 sua face com traços fortes, para que guardasse consigo a recordação de alguém que a considera muito.
 Mas nesse tempo com dias curtíssimos eu escrevo algo que ela apenas possa ler e se sentir querida por instantes.
 Os melhores ficarão em minha memória enquanto eu existir aqui.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Oito anos


 Já se passaram oito anos,
oito longos anos.
 A pouco eram quatro, e daqui a dois serão dez.
 Dez anos sem vê-la e sem ter qualquer notícia que seja.
 Uma década com o assombro daquela visão da tarde em que a deixei partir.
 A felicidade interrompida,
não há outro termo.
 Eles dizem que o tempo suaviza a dor da saudade.
 É... eles dizem, e eu queria acreditar.
 Ah, como eu queria.
 Ah, como a queria.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Sexta-feira


 Relâmpagos iluminavam a tarde de sexta ameaçando chuva
 Sozinha, adentrou o recinto olhando para o relógio de pulso.
 Logo o avistou sentado próximo ao vidro com luminoso.
 Retirando o casaco, aproximou-se lentamente até que ele percebesse sua presença
 Friamente, perguntou se podia se sentar.
 Indiferente, fez que sim com a cabeça.
 Por um tempo ficaram ali sentados observando todas aquelas faces que transitavam a rua.
 Faces que por alguns instantes foram substituídas por faróis, que antes apagados agora iluminavam a noite e a chuva que descia forte sobre o asfalto.
- Me conte sobre você!
- Hmm... - respirou profundamente antes de continuar. - Não tenho muito oque falar!
Pausou a conversa com um gole de café e continuou a olhar a prateleira espelhada à sua frente.
- Eu não te reconheço mais, oque o tempo fez com você?
- O tempo passa e as pessoas mudam!
- Você se tornou outra pessoa, - seus olhos se encheram d'água antes de continuar:
- Eu quero aquilo de volta.
- Não há como voltar atrás, lamento.
- Não pode fazer isso comigo, e nossos planos, como ficam?
- Se você não tivesse ido embora eu ainda estaria aqui.
 Descontrolada em prantos, levantou-se e saiu correndo debaixo de chuva para o espanto de todos que acompanhavam a pobre moça que falava sozinha.

Pintura de H. Toulouse Lautrec "Gueule de Bois (La Buveuse)"

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento