quarta-feira, 9 de abril de 2008

Rascunhos


O forte vento gelado daquela manhã
me fez ser breve
A garoa caía
Beijei-lhe os lábios ainda molhados
Então me despedi acariciando sua face
Dei as costas e corri pelo campo
me afastei o máximo dali
Não consegui derrubar uma lágrima se quer.
Não houve muito falatório
Seu desaparecimento foi obra de Deus para as senhoras
O escrivão sentiu sua falta
assim como o dono da venda e o vereador
Sentiram falta até à aparição de uma nova ninfeta
depois esqueceram, então acabaram-se as perguntas
Desde então talvez por ter sido esquecida,
Cláudia ressuscitara na tela
Observando-me e me julgando
O remorso caiu sobre minhas costas
e lá fui eu desenterrá-la
Cláudia só descansaria se a verdade viesse à tona
Mas sua cova não encontrei
Então passaria a me assombrar pro resto dos meus dias
Em meus rascunhos ela sempre estava presente
analisando e me julgando
E assim foi durante toda minha existência
O tempo foi passando
me vieram os cabelos brancos,
e Cláudia continuou jovem e bonita
Um ancião me tornei
E agora ela me jogará no buraco
assim como a joguei
é só uma questão de tempo.
Não tiro a razão de Cláudia
Muito pelo contrário
Que seja feita a tua vontade.

3 comentários:

Thiago dos Reis disse...

um dos melhores textos até hoje.


parabéns, mesmo!

Alice Teixeira disse...

Muito bem feito!
Adorei...

Parabéns!

Rafael disse...

Que bom que gostaram!
Obrigado e voltem sempre :D

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento