domingo, 29 de novembro de 2009

Felicidade


 Despertou lentamente ao sentir na face, o sol fraco do final da tarde que atravessava a cortina do quarto.
 Sem se levantar, deu uma boa olhada ao seu redor, notando sobre a mesa de cabeceira um porta retrato com a foto de uma família feliz.
 Séria até então, abriu um sorriso ao ouvir as crianças brincando no jardim.
 Levantou-se descalça sentindo o frio do assoalho limpo e bem polido.
 Apertou o passo mas o corredor parecia não ter fim
 Ao chegar na porta, hesitou.
 Ficou parada com a mão na maçaneta dourada
 Sentiu medo que aquilo fosse apenas um sonho
 Imaginou-se acordando assim que abrisse a porta, então resolveu ficar ali por mais algum tempo.
 Com os olhos ainda fechados, respirou profundamente.
 Ela nunca havia sido tão feliz em toda sua vida.
 Abriu a porta na esperança de encontrar a felicidade.
 E la estava ela.

[Dedicado a Roberta Branquinho]

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O balão azul


 Notando que depois do meu subnick não aparecia outra musica senão a que tocava na ocasião
 Me indicou uma canção "Earth Angel - The Platters" para que não escutasse aquela até a chegada do verão.
 Nesse dia em especial meu equilíbrio, assim como na foto q ele exibia, estava no eixo.
 Não há nada como um feriado no meio da semana.
 Já em outra janela no messenger la estava ela, de costas para o mar, sozinha e pensativa.
 Acabara de tirar um nódulo, e seu peito estava em pedaços por causa de um homem
 Entre uma janela e outra, os assuntos se divergiam
 Ele falava sobre a fonte que convenceria a amiga a fazer em seu jardim, e sobre a idade que teimava em lhe contrariar.
 Já ela, me fez uma única pergunta antes de partir:
- Oque você gostaria de fazer?
- No momento?
- Sim!
- Voar de balão
- Deve ser incrível.
- Sim
 Depois de uma pausa lhe devolvi a pergunta e ela me respondeu que gostaria de alguém pra amar, e completou ainda que o meu desejo era mais fácil de se concretizar.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A revoada das aves


 Não havia nada mais lindo
 Prestativo como sempre, parou.
 Sentou-se no banco da praça e chorou
 Ah, um pranto um tanto triste.
 Pobre homem!
 Ouvia-se apenas o barulho das crianças brincando, isso realmente o chamara a atenção desde jovem.
 De nada adiantaram as lágrimas
 Não teve filhos,
nem esposa
 Ela nunca voltou pra assistir a revoada das aves no verão
 Ele fez isso sozinho na maioria das vezes.
 A luz fraca do sol transpôs a folhagem espessa
 Os raios solares atingiram sua retina desprotegida,
dando-lhe a sensação de vitalidade e conformismo
 Livre ao olhar a sua volta, abriu um sorriso espontâneo e verdadeiro.
 As aves migravam novamente para o seu deleite, e tudo estava como era antes.
 Mas o brilho no olhar cessou de tal forma que se apagaram as lembranças
 Pálido, mirou um ponto fixo no horizonte onde a avistou linda e desatenta,
e la ficou de olho pro resto dos seus dias.

sábado, 7 de novembro de 2009

O regresso do amigo


 A neve caia leve
 O frio era suportável
 De longe se via o vapor de suas conversas
 Ah, era assunto que não acabava mais.
 Ele estava feliz por ver que seu amigo havia voltado
 Apertou-lhe a mão firme
 Não, isso não bastava
 Estavam ali diante um do outro
 Então, sem jeito, o abraçou bem forte como se não fosse mais largá-lo
 Ambos não estavam acostumados com tal gesto de afeto,
mas a amizade era tão verdadeira.
 O viajante colecionava chaveiros
 E entre os vários que possuía pendurados em sua mochila,
estava lá um do time na qual ganhara de presente do amigo. 

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Amor platônico


 Maria sua idiota, agora é tarde demais
 Não acha que depois de tudo que o fez passar ele a deixaria de lado?
 Depois das noites que o fez esperar por você em vão,
das tardes nostálgicas que lhe deu de presente em vez de abraços,
das manhãs que o deixou acordar sozinho chorando.
 É Maria... as palavras foram duras para que ele pudesse suportar
 Você foi cruel ao extremo e isso faz de você a pior pessoa do mundo
 Sente falta dele agora, não é?
 Que pena Maria, tarde demais!
 Sim, esse é o apartamento onde ele morava,
mas lamento, não vai encontrá-lo aqui.
 Deixe de ser estúpida Maria, pare de chorar.
 Como você é imbecil.
 Ele nunca esqueceria, ele nunca a esqueceu realmente.
 Não vê suas fotos coladas no mural?
 Não vê as cartas de amor sobre a mesa?
 Ele nunca esqueceu você de verdade.
 Apenas morreu atropelado certa noite quando voltava do trabalho.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Raios de sol


 Os raios de sol atravessavam a folhagem
 Sentado sobre a grama com o apoio das mãos pra trás,
inclinou sua cabeça, deixando sua face entregue à sombra da árvore.
 O frescor da brisa o envolveu por inteiro
 Tranquilo, fechou seus olhos calmamente e sorriu
 Já de pé, respirou fundo sem peso na consciência
 Esticou o braço inclinando seu corpo para apanhar sua mochila na raiz exposta
 Escolheu então o caminho a seguir e partiu sozinho.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento