terça-feira, 22 de julho de 2008

Análise


Foi uma tarde caótica, própria de metrópole
final de expediente pra muitos.
Ansioso, fitou o relógio na parede à conferir as horas
Não havia mais pacientes na agenda do dia, porém, sua secretária o avisara da chegada de uma jovem.
Cansado, organizou alguns objetos sobre a mesa e em seguida autorizou a entrada do empecilho de seu jantar.
Aparentemente abatida ela entrou e se sentou como o ordenado.
Esquecendo as palavras da secretaria, perguntou novamente o nome a infeliz
que enjaulada sem ter como fugir, não teve outra escolha senão engolir a seco.
- Em outros tempos sairia pra dançar, e na pista esqueceria de tudo - disse ela.
Doutor de muitos anos, percebeu de imediato que se tratava de uma maluca, manifestando talvez os primeiros sinais de lucidez.
Interrompendo-o, continuou com suas palavras sem nexo:
- A vontade de devolver tudo oque me fala não me falta, mas é minha mãe!
Analisando o caso depois de um certo tempo, teve a certeza de que a infeliz estava prestes a dar um rumo inesperado a sua vida.
Durante toda a consulta, pedia desesperadamente uma opinião sobre oque deveria fazer
Se manter submissa sob um montante exposto de absurdos sociais ou
jogar tudo pro ar e se matar aos poucos?
no final da prosa não sentia como se a jovem fosse um empecilho, encarecido com alguns elogios feitos por ela, seu ultimo pedido foi:
- Lute!
Teve assim a certeza como doutor de ter salvo mais uma vida.
Depois disso ambos seguiram em direções opostas.
Ele chegou tarde para o jantar naquele dia, mas sua família o saudou como todos os dias era feito.
a garota seguiu a pé de volta pra casa.
Ouviste os passos na calçada em frente?
É ela chegando com sua bolsa e seu batom borrado
abandonada pelo mundo que a pariu.

2 comentários:

D. Diogo Klock disse...

cara isso me faz lembrar de uma parte de uma musica... que diz assim...

"Noites de garras de aço me cortavam em mil pedaços e no outro dia eu tinha de me remendar. E se a vida pede a morte talvez seja muita sorte eu ainda estar aqui..."

estranho e real...

muito bom..
abraços amigo...

http://mentealem.blogspot.com/

D. Diogo Klock disse...

respondendo a pergunta...

creio q as pessoas devam temer mesmo o tempo... e devem temer mais do que já temem...

pq alem da ideia de tempo como orientação, que é uma questão sociológica criada e introduzida em nós por nós(humanos)com o passar do tempo...
o tempo é movimento, é a movimentação atômica que faz o tempo, o tempo no sentido de desgaste da matéria, no sentido de ciclo, e esse movimento é independe da nossa vontade, não podemos impedir esse movimento...

mas podemos desacelerar esse desgaste, cuidando melhor de nós mesmos, buscando meios para isso...

PS: na minha poesia falo de tempo nesse sentido e não no tempo sociologico que serve como orientação...
acho muito interessante a questão do ESPAÇO-TEMPO....

te deixo outra pergunta...
O que é mais válido, viver com intensidade aproveitando tudo q o mundo tem a nos oferecer e viver uns anos a menos, ou viver se privando de muitas coisas para viver alguns anos a mais??
(descartando todos os riscos de mortes, falo em morte natural)

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento