terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O relógio de parede



Foi uma triste despedida
Ele a deixou ali sozinha
com a promessa de voltar pra buscá-la
E ela ficou acenando um adeus sem fim
debulhando em lágrimas
secando rapidamente com a mão as que rolavam pela sua face
Não havia motivo pra chorar, pois ele jurou voltar
Sozinha a olhar pela porta de sua casinha, ela ficou.
E no final da quente estrada, ele sumiu lentamente.
Talvez sentisse por um instante que seria a ultima vez que o veria
e o pranto que ela tentava controlar até então, se fez de vez
Dia após dia lembrava do seu amado
Durante sua ausência só lhe restou as lembranças
Lembranças felizes antes de sua partida
Gestos, palavras, presentes
E dentre todos os presentes que ganhou do seu amado
havia um em especial
um modesto relógio de parede,
que agora pra ela era o objeto de mais valor naquela casinha
À tardezinha sentava diante dele a olhar os ponteiros
contando os minutos para o seu regresso
Os anos se passaram
O relógio de parede parou de funcionar
mas ela sozinha continuava a esperar
com a esperança de uma única notícia, boa ou ruim
O que teria acontecido com o seu amado?
A duvida a acompanhou até o fim
Ele nunca voltou
E ela morreu sozinha, velhinha na cama.
Mas momentos antes de morrer, deu uma ultima olhada pra porta de sua humilde casinha
com um restinho de esperança de que a porta se abriria,
e la ele estaria.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento