sábado, 30 de abril de 2011

HOMEM COMUM


 Lendo um livro debaixo de uma árvore hoje pela manhã, me recordei das poucas vezes que fui visitar o túmulo do meu pai.
 Um trecho escrito retratou exatamente como foi a ultima vez que estive em São Paulo:
" Nos anos que haviam passado desde a ultima visita, ele esquecera o efeito que aquelas lápides tiveram sobre ele quando as vira pela última vez. Viu os dois nomes gravados ali, e foi dominado por um acesso de choro, daquele tipo que deixa um bebê sem forças. Foi fácil evocar a última imagem que tinha de cada um dos dois[...] Eram apenas ossos, ossos dentro de uma caixa, mas os ossos deles eram dele, e ele aproximou-se dos ossos o máximo que pôde, como se a proximidade pudesse estabelecer um vínculo com eles e atenuar o isolamento causado pela perda do futuro e religá-lo a tudo o que havia ido embora. Durante uma hora e meia, aqueles ossos foram a coisa mais importante do mundo. Eram tudo o que importava [...] Entre ele e aqueles ossos muita coisa aconteceu, muito mais do que agora entre ele e os que ainda tinham carne em torno de seus ossos.
A carne vai embora, porém os ossos permanecem. Os ossos eram o único consolo que restava para alguém que não acreditava na vida após a morte e sabia, sem nenhuma dúvida que Deus era uma ficção, e que aquela vida era a única que ele teria."( trecho do livro "Homem Comum"de Philip Roth.)

2 comentários:

Rafael Ayala disse...

Poxa, que forte. Os ossos eu também nem sei, mas os bons momentos eu tenho certeza que sim...
=]

Daniel Savio disse...

Rapaz, a última vez que fui a lapide do meu pai foi quando foi ao enterro do mesmo...

Mas imagino que a memória dele ainda esteja vivo no teu coração.

Fique com Deus, menina Rafael Galvão.
Um abraço.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento