terça-feira, 1 de março de 2011

O Anjo de Ijuí


 A estrada terminou em Ijuí para os viajantes
 Era uma manhã de sábado
 A névoa cobria parte do lago
 Seus olhos se encheram d'água com tanta beleza
 Ao afastar-se do carro tentando aquecer as mãos esfregando-as uma na outra, avistou de longe o anjo mais doce do vilarejo.
 Ela (o anjo) não tinha malícia, e aproximou-se lentamente
 Ele (o viajante) observava pasmo enquanto seu amigo urinava despreocupado fumando um cigarro
 Ela regia o universo, disso ele não tinha duvida
 Até disse isso a ela:
- Você controla o universo a sua volta.
 Ela sorriu como se soubesse, mas desconversou e seguiu com seus trejeitos encantadores.
 Deitou-se ao lado dele apenas com sua cinta liga
 E ele fitou os olhos na guria por um longo espaço de tempo,
como se não acreditasse no que estava à sua frente
 Mas ao sentir o calor do seu corpo, pôde notar que não era um sonho
 Era real, ela era de real, e ele estava lá junto dela
 Isso arrancou-lhe um ligeiro sorriso, e juntos viajaram pela via lactea
 Adormeceram enfim, e acordaram com o amigo bêbado gritando

 Já era domingo
 Ele não queria mais voltar pra casa, mas seguiu
 Ela mordeu os lábios para segurar o pranto mas seu queixo a condenou
 Acabava-se mais um verão.
 Ele não queria o mundo
 Não ganhou nenhuma estatueta durante toda sua existência
 Mas ele sabia fazer algo de melhor
 O viajante solitário sabia amar alguém de verdade
 E foi o que fez, ele amou eternamente a garota de Ijuí.

(Foto do anjo de Ijuí)

2 comentários:

Daniel Savio disse...

Pelo jeito, era um dia para se encantar e fazer algo belo a ecoar em outros dias na vida...

Fique com Deus, menino Rafael Galvão.
Um abraço.

Rafael Ayala disse...

Rafael, que texto bonito.
Acho justo fazer homenagem à momentos e pessoas especiais.
Levamos sempre no coração, mas se podemos dividir pelo menos um pouco, mostrar um pouco aos outros, que beleza...
abraço!
=]

metrópole

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Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento