segunda-feira, 29 de junho de 2009

Arte Efémera


 Adentrou o recanto sem luz em pleno dia,
avistando o croissant sobre a mesa de centro.
 A blusa jogada sobre a poltrona fazia voltas
 Uma prova tangível subsistira.
 Lembrara da noite anterior na qual assistiu o nascimento de uma ex-donzela
 A eloquência em excesso da jovem que acabara de conhecer.
 Por anos a viu apenas como a vizinha receosa,
e agora era para ele a mulher da noite passada,
a qual lhe deu o seio como uma cadela à sua cria.
 Oque numa fração de horas a faria explodir em soluços
 Algo banal, chegando a ser cômico para alguns.
 A verdadeira arte efémera, 
das flores que murcham no mesmo dia em que desabrocham
 O viço, a beleza, a cor, o brilho.
 Tudo se foi no dia seguinte à visão do homem que a deflorou.
 A ela tudo foi digno,
que sentia aquilo como uma marca de nascença.
 Acordou olhando para a mesa de centro onde havia apenas as migalhas do croissant.
 Seu homem se foi durante o sono
 Sentiu uma tristeza e uma solidão infinitas.
 Colocou a blusa de volta e levantou-se,
dizendo palavras duras a si mesma.

4 comentários:

Elga Arantes disse...

Pois é:
Tem dias que resolvo ir visitar os endereços linkados na casa das pessoas que fazem a diferença pra mim. No seu caso, seu link estava na casa da Michele. Bingo! Adorei. Ainda não li tudo, mas vou fazê-lo.
Grande abraço.
Elga

sblogonoff café disse...

Mas que droga, héim?!
É uma frase que digo quando as coisas somem num buraco negro e a gente pensa se houve mesmo uma existência e caso sim, que sentido fez? É um espaço antes vago, ocupado por uma inquietação bem semelhante à dor.

sblogonoff café disse...

Ei! Essa garota aí de cima também é incrível! Sou viciada no blog dela! Vale a pena ir lá!
Sopro de Eves!

Daniel Savio disse...

Ai, ai, tem dia que parece que somos usados, mas tem dia que usamos os outros...

Fique com Deus, menino Rafael.
Um abraço.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento