quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Um sopro de vida


Ao chegar, me deparei com a enferma deitada
Seus olhos então se voltaram pra baixo ao perceber minha presença.
Me aproximei lentamente avançando pelo quarto parcialmente iluminado
O silêncio era perturbador
Em torno da pobre haviam crianças
que na ânsia de saber o porque da minha presença quase se debruçavam em cima da acamada
Sua pele era tão frágil que tive medo de feri-la.
Em um momento tentou erguer um dos braços, em vão.
De imediato sua filha interceptou o movimento, pedindo a ela que se acalmasse
palavras de carinho eram frequentes
Queriam demonstrar a gratidão de uma vida toda no restinho de vida que talvez restara
A saudade antecipada de alguém que está prestes a partir talvez seja mais dolorosa que a própria perda
Pois a sensação de uma ausência iminente no presente instante é intensa.
Minutos depois ela se foi.
O silêncio pleno até então, foi quebrabo por lamentações em tom baixo
E meus olhos que fitavam a velha senhora cabisbaixa ainda em vida
se voltaram para baixo assim como os dela no momento da minha chegada.

5 comentários:

Daniel Savio disse...

Estava sumido menino Rafael...

Espero que seja apenas um conto, mas entendo realmente o sentimento de perder um parente, acho que todos entendemos...

Fique com Deus, menino Rafael.
Um abraço.

sblogonoff café disse...

Lembrei da partida de minha avó, que morava em minha casa.
Eu estava triste, pois meu coração estava partido (havia terminado meu noivado). Um primo, que nunca a visitava, estava lá. Mamãe sentou num sofá do lado de sua cama e eu peguei meu violão. Ela não se lembrava dos nossos nomes, mas não esquecia as canções. Cantamos todas que ela gostava, até que em um momento ela fechou os olhos e se calou. Ficou com um sorriso no rosto, respirando devagar, enquanto nós continuamos a serenata.
Após algumas canções, percebemos que ela havia partido.
O segundo em que se descobre que a pessoa morreu, é um instante cheio de pesares. Fica sempre um saldo deficitário, de que poderíamos ter sido melhores, ama-la mais, cuidar mais de suas manias de idosa, de suas incontinências e de seu peso em nossos ombros, quando íamos leva-la para tomar banho.
Então as lembranças vêm junto com as lágrimas, e todo o resto se vai, como uma rendição à vida.
No fim, eu soube que demos à minha avó uma partida que eu desejo para mim.
Nós com a música.
Ela, com seu silencioso sorriso!

Anônimo disse...

É eu passei porr ummomento desses recentemente...não é fácil, mas acho que depende muito de como a pessoa que vai está. Me preocupa muito a paz de espírito de quem vai, porque a gnt por aqui se recupera ...
Adorei seu blog, principalmente os cometários e frases laterais!!! voltarei!

Daniel Savio disse...

Teve parente meus que chegaram até a idade avançada que acabaram morrendo em cima de um cama, mas o importa que eles viveram uma vida até o ultimo instante...

Fique com Deus, menino Rafael.
Um abraço.

Unknown disse...

Fala Rafael sumiu meu brother...
q q ta arrumando????

bola pra frente ai....volta pro blog q os leitores qrem ler...

abraços

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento