segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Aqui jaz Nair

Luto em família, assim dizia o papel pregado na porta do salão.

- Giane, sabe o que está faltando nesta casa?
- O que Dona Nair?!
- Uma criança, as crianças gritam, brincam, dão risada, é disso que essa casa está precisando... de barulho.

Dito isso, o silencio voltou a reinar.
Giane sabia que não podia ter filhos por mais que quisesse.
Então trouxe Babí, a cadelinha poodle.

O diálogo eu criei, mas talvez tenha realmente acontecido
já que a cadelinha era pra ela no final algo tão especial como uma criança.

"Aqui jaz Nair
Mãe e avó amada
sua alma generosa só soube fazer o bem enquanto viveu"
Eu li esses dizeres em uma lápide na ultima vez em que estive no cemitério, sem o nome Nair, claro.
Mas eu acho que não há descrição melhor pra ela
A mulher que por 28 anos cortou o meu cabelo
Ela era uma boa alma, talvez uma das mulheres mais bondosas que eu já tenha conhecido.

Só queria registrar isso, pois de forma alguma poderia passar em branco
Algo que eu me lembrarei e que não gostaria que fosse somente pra mim
Assim passa a ser uma lembrança compartilhada.
A Senhora baixinha, de voz mansa, de bochechas rosadas e cabelos finos pro tom de dourado.
O vazio leva à saudade.

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metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento