quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Viagem


 Eu sabia que essas férias iriam me render um texto
 À véspera de ir pra São Paulo, "chuva".
 Isso não é problema, acompanho o sincronismo das gotas que caem do telhado, 
às vezes padronizadas, às vezes não.
Mas tudo se encaixa.
"Padrões", isso não é mais um problema na minha vida, 
aprendi a controlar meu T.O.C.
 Na viagem a mulher cheirava o pó compacto como se fosse um vício
 O garotinho não parou de bater o pé no assoalho do ônibus durante duas horas
 E na capital o movimento, a sirene das viaturas de polícia e a ambulância, tudo que faria uma cidadezinha parar.
 A pressa, o congestionamento, a desigualdade e injustiça.
 O céu alaranjado que cobre uma cidade que nunca dorme
 E aqui estou eu de volta, com essa síndrome de cidade pequena pós cidade grande.
 Logo isso passa e eu volto a tirar fotos de paisagens, 
mas enquanto isso fico aqui no meu quarto.

Termino com um diálogo entre Clarice Lispector e José Castello numa época em que ela dizia não receber mais jornalistas:

J.C. "- Por que você escreve?"
C.L "- Vou lhe responder com outra pergunta: - Por que você bebe água?"
J.C. "- Por que bebo água? Porque tenho sede."
C.L. "- Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo pra me manter viva."

2 comentários:

Rafael Ayala disse...

Eu tive férias e acabei tirando fe´rias dos textos também, meio que sem querer...
Pra gente, tudo rende texto, em prosa ou verso. mas rende.

E para nós, quer dizer, por nós, Clarice falou.

E vamos em frente, sempre.

Forte abraço, Rafa
=]

Daniel Savio disse...

Todos tem seus motivos, para viver e comparecer a festa chamada vida...

Fique com Deus, menino Rafael Galvão.
Um abraço.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento