segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Remorso de um pobre homem



Acabou-se
Colocou a trouxa no dorso e se foi
Mas antes de sumir no morro, deu uma ultima olhada pra trás
O alivio foi imediato
Trancado a chave, ficou o tormento dos últimos dias
Tinha consigo que era hora de seguir em frente,
e assim foi em busca de outro emprego, outra fazenda.
Nos onze anos seguintes, o gesto se repetiu
Ao pitar um cigarrinho de palha, a cabocla aparecia
Chorava de remorso, mas o feito não podia ser desfeito
Para esquecer os problemas e o sentimento de culpa, ia a venda do vilarejo mais próximo
Todo final de semana refazia o trajeto
A cachaça o fazia chorar e dizer bobagens
Domingo, peixe na panela, cheiro de churrasco
La estava ele mais uma vez
Na companhia de mulheres, contou sem pensar a façanha de onze anos atrás
Mataste realmente a cabocla?
Indignado, o dono da venda não quis esperar por provas
Partiu-lhe a cabeça com um porrete diante todos
O amigo da vítima ainda gritou pra parar
Mas o agressor ignorou o pedido
E diante do crânio esfacelado do pobre homem
disse a todos da conversa:
-" Ele não era um assassino,
veio fugido sim por causa de um coração partido,
a façanha mentirosa só contou pra impressionar!"
Para não sujar o nome do amigo, agora levava consigo o grande segredo
Enquanto na casa abandonada, se encontrava em baixo do assoalho,
enrolada em um cobertor, a cabocla esquartejada.

2 comentários:

Thiago dos Reis disse...

quanta morte.

então ele matou mesmo a cabocla.. pobre zuca.

grande amigo, o dele. sabia de tudo e mentiu pra defender a honra e a moral do homem...

Rafael disse...

hahahaha

pois eh

viu soh q história isso pode ter acontecido !!!pense nisso

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento