Fechou os olhos com a lembrança de uma boa vida
Lembrou-se da conversa com o pai aos 15 anos, na qual o velho dizia pra beber soda já que todos os dentes cairiam um dia.
Da imagem lenta dos amigos, cantando e tocando violão em um luau altas horas da noite num lugar deserto.
Dos chinelos velhos que sua avó arrastava pela casa acordando-o em plena manhã de domingo.
Lembrou-se do seu primeiro automóvel, sua primeira mulher, sua primeira decepção amorosa.
Do abraço apertado de uma amável garota que o fez feliz em uma época de sua vida
Do bilhete de seu filho homenageando-o pelo dia dos pais, que o fez se emocionar diante da família.
Lembrou-se de tudo que deixou pra trás, de tudo que um dia pensou ainda haver tempo de fazer mas acabou deixando pra depois.
Emocionado, abriu os olhos com a esperança de uma boa morte.
2 comentários:
Ainda acho bonito partir tendo lembranças. São luzes a nos conduzir no outro mundo e conforta mais que um final sem memórias. Amnésias existenciais...
Tudo é mais leve nas lembranças, pois só guardamos o que é mais importante...
Fique com Deus, menino Rafael.
Um abraço.
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