domingo, 9 de agosto de 2009

O tempo e as lembranças


 Fechou os olhos com a lembrança de uma boa vida
 Lembrou-se da conversa com o pai aos 15 anos, na qual o velho dizia pra beber soda que todos os dentes cairiam um dia.
 Da imagem lenta dos amigos, cantando e tocando violão em um luau altas horas da noite num lugar deserto.
 Dos chinelos velhos que sua avó arrastava pela casa acordando-o em plena manhã de domingo.
 Lembrou-se do seu primeiro automóvel, sua primeira mulher, sua primeira decepção amorosa.
 Do abraço apertado de uma amável garota que o fez feliz em uma época de sua vida
 Do bilhete de seu filho homenageando-o pelo dia dos pais, que o fez se emocionar diante da família.
 Lembrou-se de tudo que deixou pra trás, de tudo que um dia pensou ainda haver tempo de fazer mas acabou deixando pra depois.
 Emocionado, abriu os olhos com a esperança de uma boa morte.

2 comentários:

sblogonoff café disse...

Ainda acho bonito partir tendo lembranças. São luzes a nos conduzir no outro mundo e conforta mais que um final sem memórias. Amnésias existenciais...

Daniel Savio disse...

Tudo é mais leve nas lembranças, pois só guardamos o que é mais importante...

Fique com Deus, menino Rafael.
Um abraço.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento