domingo, 23 de março de 2014

Outono


As folhas no chão anunciavam a chegada de um hóspede muito querido, o Outono!
Há uma semana atrás, eu estava de malas prontas, rumo à capital.
Após o desembarque, estive num bar com uma prima, e terminei a noite ao som de Queen Jane Aproximately.
No dia seguinte, uma tentativa de suicídio, com todo um aparato policial, bombeiro e imprensa.
Curiosos espiavam, alguns gritavam pro rapaz pular da ponte, o transito embaixo era intenso.
Mas no fim acabou tudo bem, ouviu-se até uma voz feminina do outro lado da avenida: "Graças a Deus, misericórdia!" seguida de aplausos.
Enfim, cheguei ao hospital.
E lá estava ela, com o oxigênio ligado.
Sorriu, me abraçou, agradeceu por eu estar lá.
Custou a sentar pra comer, e quando sentou, comeu pouco.
Na poltrona ao lado, acompanhei seu olhar pro teto, um olhar seguido de um lamento triste e assustador.
"- Oh, meu Deus!"
O álbum de fotos que lhe dei, trouxe a recordação de um dia feliz, a lembrança de um retorno às origens.
Na despedida, um "Te amo", e uma cama com um frágil corpo de mulher de meia idade, devastado pelo câncer.
Na volta, silêncio.
E no fim, o Outono.

Dedicado à Terezinha Galvão de Barros.


3 comentários:

sblogonoff café disse...

Ei!
Você gosta da poesia da dor, né?
Porque até tem...
Por exemplo: A dor do desapego, a morte, a saudade, a efemeridade das coisas... São poesias como lírios no pântano!

LEANDRO GOULART disse...

AMOOOOOOOO
SAUDADES DE VC CARA DE SUAS ESCRITA SEI LÁ ATEMPORAL. PESSOAL DIRETAMENTE PRA MIM, QUASE UMA CARTA!

Emanuelle Figueiredo disse...

Eu nunca comentei nada do seu blog, mas sempre li. Leio desde outro blog que tive, mas apaguei.
Refiz esse agora e tomei coragem pra comentar.
Gosto do que escreve. Parecem coisas tão particulares, mas ao mesmo tempo, eu posso me encaixar na maioria delas.
Continua escrevendo.
Beijo,
Manu.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento