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Eu sabia que essas férias iriam me render um texto
À véspera de ir pra São Paulo, "chuva".
Isso não é problema, acompanho o sincronismo das gotas que caem do telhado,
às vezes padronizadas, às vezes não.
Mas tudo se encaixa.
"Padrões", isso não é mais um problema na minha vida,
aprendi a controlar meu T.O.C.
Na viagem a mulher cheirava o pó compacto como se fosse um vício
O garotinho não parou de bater o pé no assoalho do ônibus durante duas horas
E na capital o movimento, a sirene das viaturas de polícia e a ambulância, tudo que faria uma cidadezinha parar.
A pressa, o congestionamento, a desigualdade e injustiça.
O céu alaranjado que cobre uma cidade que nunca dorme
E aqui estou eu de volta, com essa síndrome de cidade pequena pós cidade grande.
Logo isso passa e eu volto a tirar fotos de paisagens,
mas enquanto isso fico aqui no meu quarto.
Termino com um diálogo entre Clarice Lispector e José Castello numa época em que ela dizia não receber mais jornalistas:
J.C. "- Por que você escreve?"
C.L "- Vou lhe responder com outra pergunta: - Por que você bebe água?"
J.C. "- Por que bebo água? Porque tenho sede."
C.L. "- Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo pra me manter viva."
2 comentários:
Eu tive férias e acabei tirando fe´rias dos textos também, meio que sem querer...
Pra gente, tudo rende texto, em prosa ou verso. mas rende.
E para nós, quer dizer, por nós, Clarice falou.
E vamos em frente, sempre.
Forte abraço, Rafa
=]
Todos tem seus motivos, para viver e comparecer a festa chamada vida...
Fique com Deus, menino Rafael Galvão.
Um abraço.
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