sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Sepultada


Eu a joguei para o futuro
a joguei com a esperança de encontrá-la um dia
contando com a possibilidade que ela também me espere.
Meu sossego vital, esfacelado pela tênue lembrança esmagadora de sua voz.
Seus longos cabelos, dispersos na altura do ombro
Sem contar na canção
Sua canção favorita que me leva de volta
a um tempo em que éramos felizes.
Isso edifica-me aos poucos
tirando-me do vão que fui lançado após a despedida.
Enfim, prometo a você
Flores não faltarão em seu jazigo
E assim ficará por anos,
até que chegue o dia em que desenterrarei seu cadáver
e lhe darei a vida novamente.

sábado, 23 de agosto de 2008

A praia


Enfim, chegou à praia
Caminhou descalço na areia ouvindo o mar e as gaivotas.
Afastou-se de costas temendo que a água tocasse seus pés
A ausência constante de sua amada, o castigava a cada minuto
Não contente, ela continuaria o procurando nos sonhos
Pobre do homem que ama mais que o suportável
Pobre do homem que teme sua vida futura, por ter apenas a visão de seu sofrimento derradeiro.
Abandonando seus pertences na areia
caminhou em direção a imensidão de água.
Duas lágrimas escorreram dolorosamente
e ele sumiu mar adentro.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sarah


A noite estava no início
Seus olhos brilhavam como duas estrelas
e os meus se encheram d'água ao vê-los
Oh Sarah, minha doce Sarah!
Minimize as trovoadas
Acalme essa noite com seu abraço
me acolha em teus braços sorrindo
pois sou dependente do seu sorriso
Sorriso esse, que invade meu quarto todas as noites
me trazendo paz e harmonia.
Oh Sarah, minha doce Sarah!
Acalme essa noite com seu abraço
minimize as nuvens pesadas que nos tirou a lua.
Minha Sarah,
abraço-te então.
As trovoadas cessaram
A noite se foi dando lugar ao dia
e esta tudo bem agora, Sarah!

Dedicado à Sarah Castilho

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O soldado valente


Com imenso pesar, adentrou o veículo misturando-se aos demais fardados.
O vento gelado retorcia-lhe a face
Seguiu caminho, deixando pra trás sua mãe
que aos prantos, acenava diante do casebre em ruínas
Deixou também sua Marta, que debruçada na janela se recusou a dar adeus
culpando-se das inúmeras vezes que discutira com ele por razões frívolas.
Arrasada, teve seu coração arrancado após a partida repentina do amado.
Oito meses seguidos de telegramas se passaram
linhas repletas de dor preenchiam aquelas cartas e aquela casa de angustia
Estavam lá as duas lendo seus escritos
enquanto ele servia a pátria amada e idolatrada.
Em combate, sempre lembrava aos demais a saudade de um passado não tão distante.
Dias depois o mesmo veículo que o levara apontou entre os eucaliptos
Descalça, Marta correu ao encontro do furgão
Enquanto a mãe desolada, observava tudo a distancia, sustentada à porta
E em uma questão de segundos, se pôs a cair de joelhos diante da face pálida de Marta
Pela expressão da jovem fez menção do que estaria por vir
Segundo o oficial, ele se foi em combate defendendo a Nação.
Uma semana após, ambas foram surpreendidas pelo ultimo telegrama
que diferente dos demais estava repleto de entusiasmo e esperança
Ele exaltava sua volta pra casa
e num lapso de ansiedade acompanhado de tristeza diante das recordações, as duas sorriram
E por fim, voltaram a chorar pelo valente soldado.

metrópole

metrópole
Estava chovendo lá fora

Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento